Actividades
Zamora inaugura IBERLONGEVA, a aposta ibérica numa longevidade saudável
IBERLONGEVA, projeto transfronteiriço entre Espanha e Portugal, apresenta-se publicamente em Zamora como uma iniciativa pioneira que combina ciência, prevenção e comunidade para transformar a forma como compreendemos e acompanhamos a longevidade. Impulsionado pelo CENIE e pela Universidade de Salamanca, e financiado pelo Programa Interreg VI-A POCTEP da União Europeia, o projeto inicia nesta cidade o seu percurso público e a sua primeira fase de participação.
A cidade de Zamora acolheu o arranque oficial de IBERLONGEVA, um projeto que nasce com uma convicção partilhada: a longevidade não é um problema a suportar, mas sim uma oportunidade de crescimento que merece ser compreendida e acompanhada. Esta iniciativa científica, comunitária e institucional representa um novo modelo de investigação aplicada ao serviço das pessoas idosas e da sociedade no seu conjunto.
Nas próximas semanas abrir-se-á o processo de inscrição para que as pessoas com mais de 60 anos de Zamora possam participar voluntariamente neste estudo. Cada pessoa inscrita receberá uma avaliação individualizada e gratuita da sua saúde e bem-estar, com recomendações concretas e acesso a oficinas orientadas para a prevenção e a melhoria da qualidade de vida.
Este mês de novembro abrir-se-á o processo em Ourense, seguido de Bragança, e a partir de janeiro de 2026 começará o trabalho de campo simultâneo nos três territórios.
Uma bússola partilhada para antecipar, cuidar e prevenir
IBERLONGEVA parte da pergunta: o que aconteceria se levássemos a sério uma das maiores ambições da humanidade, a extensão da vida? Longe de se resignar, este projeto propõe olhar a passagem do tempo como uma fonte de valor, experiência e sentido.
Por isso, a essência de IBERLONGEVA é a prevenção, não como antecipação do medo de envelhecer, mas como respeito pelo futuro e confiança de que sempre se pode viver mais e melhor.
A iniciativa combina dois módulos fundamentais: um social, que analisa os vínculos, apoios e condições de vida quotidianas; e outro de saúde, que oferece uma fotografia do estado físico, emocional e funcional dos participantes. Nas fases seguintes serão incorporadas avaliações clínicas mais avançadas como força, movimento, nutrição ou lucidez, que não só medirão parâmetros biomédicos, mas também formas de acompanhar a vida com maior precisão.
Zamora foi escolhida como território inicial do projeto, não pelo que lhe falta, mas pelo que tem: uma cultura viva, uma comunidade forte e uma forma de vida que merece ser reconhecida. Com este enfoque, o projeto transforma a cidade em referência de inovação na longevidade, marcando o rumo do que pode vir a ser.
Um sistema tecnológico inteligente com alma comunitária
IBERLONGEVA contará com uma amostra representativa de mais de 1.000 pessoas, capaz de identificar padrões, sinais precoces e fatores de risco antes de que os sintomas da fragilidade sejam evidentes. Através da análise avançada destes dados recolhidos, e graças ao trabalho da Universidade de Vigo e da Fundação CTIC, será construído um sistema de acompanhamento individualizado com plena garantia legal e ética, conforme o Esquema Nacional de Segurança e a normativa europeia.
Toda a informação recolhida será integrada no futuro Observatório para uma Longevidade Ativa e com Sentido (OLAS), que transformará os resultados do estudo em inteligência útil, com o objetivo de desenhar melhores políticas públicas, antecipar a dependência e orientar os serviços sociais e de saúde para a prevenção e o cuidado personalizado.
Uma aliança entre ciência, território e compromisso
O projeto é liderado pelo Centro Internacional sobre o Envelhecimento (CENIE) e reúne uma ampla equipa científica interdisciplinar: Universidade de Salamanca, Universidade de Vigo, Instituto Politécnico de Bragança, Fundação CTIC, as Escolas Universitárias de Enfermagem de Zamora e Ourense, a Escola Superior de Saúde de Bragança, juntamente com investigadores da UNED, da Universidade Pompeu Fabra, da Universidade Complutense de Madrid e da Universidade de Múrcia.
Para Celia Fernández-Carro, Professora e investigadora no Departamento de Sociologia III da UNED, “projetos como IBERLONGEVA inovam ao dar a relevância devida aos fatores e determinantes sociais da saúde e da longevidade, em especial às redes e ao apoio social das pessoas idosas. Os resultados do projeto representarão um impulso inédito à investigação realizada nesse sentido em Espanha e Portugal, com a intenção, além disso, de que transcenda o académico e reverta realmente no bem-estar da cidadania”.
Para Juan Martín, diretor do CENIE, “IBERLONGEVA é um projeto de cooperação entre Espanha e Portugal que une ciência, tecnologia e compromisso cidadão, que pretende oferecer algo concreto, tangível e valioso para prevenir a fragilidade: uma avaliação completa da saúde para pessoas com mais de 60 anos. Serão estudados fatores como a mobilidade, o descanso, a nutrição, a saúde emocional e o entorno social. Todo esse conhecimento permitirá compreender melhor como envelhecemos e antecipar os riscos antes de que se transformem em perda de autonomia”.
Rumo a 2026: conhecimento que se adquire, cuida e transforma
O trabalho de campo decorrerá de janeiro a abril de 2026, e os primeiros resultados serão apresentados no segundo semestre do mesmo ano. IBERLONGEVA não será apenas um estudo pontual, mas sim um legado coletivo que inspire outras regiões e países. Porque envelhecer bem não é apenas uma aspiração individual, mas um objetivo coletivo. E uma sociedade que cuida daqueles que lhe deram a vida é uma sociedade que se honra a si própria.
Desde Zamora, e com Ourense e Bragança também de mãos dadas, começa uma viagem que une ciência, compromisso e comunidade.
Porque quanto mais formos, mais forte será a mensagem: em Zamora também se constrói o futuro.