Actividades

17/07/2025
Salamanca

Com a longevidade saudável como horizonte

defsdg


   

Avanço estratégico de uma aliança transfronteiriça

 

O Grupo de Trabalho do IBERLONGEVA realizou, no passado dia 15 de julho em Zamora, a sua segunda reunião institucional, consolidando os avanços metodológicos, operacionais e estratégicos que constituem o coração deste ambicioso projeto transfronteiriço. O encontro, que teve lugar na Escola Universitária de Enfermagem de Zamora (Universidade de Salamanca), reuniu representantes de todas as instituições participantes para rever objetivos, partilhar progressos desde a primeira sessão e reforçar uma folha de rota comum centrada num propósito claro: promover uma longevidade saudável e prevenir a fragilidade nas pessoas com mais de 60 anos.
 

 

 

Um projeto Interreg para responder ao envelhecimento estrutural

 

O IBERLONGEVA, cofinanciado pelo Programa de Cooperação INTERREG VI-A Espanha–Portugal (POCTEP) 2021–2027 da União Europeia, parte de uma premissa inadiável: o envelhecimento da população já não é um fenómeno que se avizinha, mas sim uma realidade estrutural. Em regiões como Zamora, Ourense e Bragança, onde a proporção de pessoas idosas supera largamente a de jovens, o desafio não é apenas demográfico, mas também social, sanitário, económico e cultural. Face a isto, o IBERLONGEVA propõe uma resposta integradora: gerar conhecimento científico rigoroso, ativar processos de inovação social e conceber ferramentas que orientem as decisões futuras em matéria de saúde pública, bem-estar comunitário e planeamento territorial.

 

Instituições envolvidas numa cooperação exemplar
 

A reunião, coordenada pelo investigador Óscar González Benito, em representação da Universidade de Salamanca, contou com a participação ativa de todas as instituições envolvidas: Universidade de Salamanca, Instituto Politécnico de Bragança (juntamente com a sua Escola Superior de Saúde), Universidade de Vigo (incluindo a Escola Superior de Engenharia Informática de Ourense), Escolas Universitárias de Enfermagem de Ourense e Zamora, Fundação CTIC, Estudio de Comunicación e o CENIE, que tem a responsabilidade de coordenar globalmente o IBERLONGEVA. Esta aliança, construída com base na complementaridade de saberes e capacidades, tornou possível um avanço coordenado em todas as frentes do projeto.

 

Progresso científico nos módulos de investigação
 

Um dos principais focos da sessão foi a análise dos progressos alcançados nos módulos de investigação. O módulo social, liderado pelas investigadoras Celia Fernández-Carro e Madelín Gómez-León, concluiu o desenho de um questionário multidimensional que recolhe variáveis-chave como redes de apoio, condições habitacionais, participação social, uso de tecnologias, perceção de saúde ou nível de autonomia funcional. Por sua vez, o módulo de saúde, coordenado por Mónica de la Fuente e com a participação de M.ª Ángeles Rol, Verónica Romero e María José Martínez Madrid, definiu uma bateria de indicadores fisiológicos e psicológicos centrados na qualidade do sono, ritmos circadianos, stress, saúde emocional, nutrição, atividade física e fragilidade.

 

Uma amostra representativa e territorialmente equilibrada
 

Estes questionários serão aplicados a uma amostra representativa de 1.061 pessoas com mais de 60 anos, distribuída de forma equitativa entre Zamora, Ourense e Bragança. A amostra foi cuidadosamente estratificada por faixas etárias, género e tipo de habitat (urbano, semiurbano e rural), permitindo assim uma leitura mais justa e precisa da diversidade do envelhecimento em contextos distintos. No total, foram definidas 54 combinações possíveis por território, garantindo cobertura em cada uma delas e permitindo comparabilidade interterritorial.
 

 

 

Infraestrutura tecnológica ao serviço da investigação
 

Paralelamente, foi dado seguimento ao desenvolvimento do suporte tecnológico que permitirá a recolha, rastreabilidade e análise dos dados. A Escola Superior de Engenharia Informática da Universidade de Vigo (campus de Ourense), sob a coordenação de Francisco Javier Rodríguez, está a trabalhar na digitalização dos instrumentos e protocolos, assegurando a sua compatibilidade com os futuros sistemas de integração no Observatório OLAS. Esta infraestrutura tecnológica não só garante a qualidade do processo de campo, como permite estabelecer as bases para uma exploração avançada dos dados através de modelos de análise automatizada, inteligência artificial e visualizações interativas.

 

Quadro jurídico e proteção de dados pessoais
 

O quadro ético e legal do projeto também foi objeto de revisão. A equipa jurídica, coordenada por Ana Garriga e Susana Álvarez, informou sobre a conclusão da Avaliação de Impacto na Proteção de Dados (AIPD) do módulo social, bem como do estado avançado da correspondente ao módulo de saúde. Tudo isto como garantia do cumprimento do Regulamento Geral de Proteção de Dados da União Europeia, assegurando que toda a informação recolhida seja tratada com os mais altos níveis de confidencialidade, transparência e segurança.

 

Equipas de campo: proximidade, confiança e rigor
 

As equipas de campo, compostas por profissionais locais das Escolas de Enfermagem de Ourense e Zamora, além da Escola Superior de Saúde de Bragança, foram reconhecidas como a chave humana do projeto. A sua proximidade com a comunidade, a sua experiência no território e a sua formação específica tornam-nas agentes fundamentais para garantir a qualidade, sensibilidade e eficácia do trabalho de campo. Durante a reunião foi confirmado que os programas de formação intensiva para estas equipas já estão a ser concebidos, e que serão implementados nas semanas anteriores ao início das entrevistas, previstas para o outono de 2025.

 

Campanhas de sensibilização e cultura preventiva
 

A sessão abordou também as campanhas de sensibilização e comunicação que acompanharão a fase de campo. Coordenadas pela Estudio de Comunicación, estas campanhas foram desenhadas em versões adaptadas a cada território, tanto em conteúdos como idiomaticamente (castelhano, galego e português). Com uma abordagem pedagógica, participativa e culturalmente sensível, o seu objetivo é explicar o sentido do projeto, incentivar a participação cidadã e promover uma cultura de envelhecimento saudável. As ações previstas combinam meios tradicionais (folhetos, palestras, colaborações com meios locais) com ferramentas digitais, redes sociais e materiais audiovisuais orientados para diversos públicos.

 

OLAS: rumo a um observatório de conhecimento vivo e preditivo
 

Por fim, foram revistos os avanços do Observatório da Longevidade Ativa e com Sentido (OLAS), principal estrutura de conhecimento derivada do IBERLONGEVA e cuja primeira camada se estabelecerá com base nos dados obtidos dos módulos social e de saúde.
 

O OLAS integrará de forma progressiva os dados sociais, de saúde e clínicos recolhidos pelo projeto, gerando uma plataforma viva, interoperável e aberta à análise preditiva. A Fundação CTIC, responsável pelo modelo de governação, em coordenação com a equipa jurídica, garantirá que o Observatório cumpra os mais exigentes padrões europeus em matéria de segurança, participação e proteção de dados. A Escola de Engenharia Informática de Ourense (UVigo) lidera o desenvolvimento tecnológico da plataforma, cuja primeira versão operativa está prevista para o segundo semestre de 2026.
 

Uma avaliação positiva e um caminho claro
 

A reunião terminou com uma avaliação muito positiva do caminho percorrido. As instituições participantes destacaram a coerência alcançada entre as diferentes equipas, a solidez metodológica dos instrumentos concebidos, a maturidade do quadro ético e jurídico, e o compromisso crescente das equipas de campo. Foi acordado manter um calendário partilhado que permitirá lançar as campanhas de sensibilização no início do outono, iniciar o trabalho de campo entre outubro de 2025 e março de 2026, e apresentar os primeiros resultados integrados na segunda metade de 2026.
 

CENIE: impulsionar uma longevidade ativa e com propósito
 

Por parte do CENIE, impulsionador institucional do projeto, reafirmou-se o compromisso com uma visão da longevidade que não se limite a diagnosticar problemas, mas que contribua para construir soluções. Num contexto de mudanças aceleradas, o IBERLONGEVA representa uma aposta firme em unir ciência, tecnologia e compromisso cidadão para acompanhar as nossas sociedades na transição para uma longevidade ativa, saudável e com sentido.