A Diabetes Mellitus é uma doença crónica e uma das maiores emergências de saúde no século XXI. Dados recentes, divulgados pela International Diabetes Federation (IDF) em 2019, indicam que existiam em todo o mundo 463 milhões de pessoas com DM e prevê-se que em 2045 este número sofra um aumento de 51%.
Sabe-se que a longo prazo, a hiperglicemia mantida pode provocar complicações incapacitantes e levar ao desenvolvimento de doenças graves, particularmente a nível da lesão vascular, nomeadamente a neuropatia. Investigadora do projeto CENIE, Marta Botelho, contribui para a validação e adaptação transcultural para a língua portuguesa do Michigan Neuropathy Screening Instrument (MNSI), um dos instrumentos de rastreio da neuropatia diabética periférica mais utilizados mundialmente nos serviços de saúde de atenção primária.
A neuropatia diabética manifesta-se nos membros inferiores através de sensações de dor (“choque elétrico”, “facadas” e “queimadura”) e hiperalgesia (desconforto no uso e no contacto da roupa com a pele), seguido da perda da sensibilidade térmica, redução do tato superficial, diminuição da sensação vibratória, da perceção da posição articular (proprioceção), dos reflexos profundos, ataxia, encurtamento do tendão de Aquiles, aumento do fluxo sanguíneo no pé, dormência e perda da sensibilidade protetora. A perda desta sensibilidade é um fator de risco para ulceração do pé diabético.
O Michigan Neuropathy Screening Instrument criado por Feldman e seus colaboradores em 1994, é um instrumento que pode ser administrado por um médico, enfermeiro, ou outros profissionais de saúde envolvidos no tratamento de pacientes com diabetes mellitus e já se encontra disponível em Portugal.
Foram recentemente publicados os resultados desta validação e adaptação transcultural – artigo completo pdf