ROSTO QUE O TEMPO AINDA NÃO APAGOU
Em cada aldeia, há uma senhora assim. De aspeto modesto, enrugado e simpático. Uma memória viva do nosso país.
Testemunha da evolução dos tempos (para melhor), mas espectadora da vida dos outros.
É um símbolo de resistência e resiliência. Em tão avançada idade, a mendigar à porta de um monumento por doença crónica, mas que mesmo assim sorri para mim - diz que é preciso continuar a sorrir. Um momento emocionante e, ao mesmo tempo, revoltante. Ofereci-lhe um valor.
Rosto de uma geração tantas vezes esquecida e abandonada num Portugal de Turistas onde ela faz parte do cenário.
E eu, na verdade, olhei para ela com encantamento e distanciamento confortável de quem nunca viveu a sua vida. Que alegria esta tão grande tristeza…
3 de julho de 2025, Nazaré, Portugal

