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25/11/2025
Salamanca

Michel Poulain, referência mundial em longevidade, partilha em Salamanca as chaves das Zonas Azuis

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  • O demógrafo Michel Poulain, co-criador das Zonas Azuis, explicou em Salamanca como certos territórios do mundo transformaram a longevidade numa realidade partilhada. A sua intervenção mostrou que viver mais e melhor não depende apenas da genética ou da medicina, mas também de fatores sociais, culturais e comunitários que fortalecem o bem-estar.

 

  • O ciclo Conversaciones en Salamanca: compreendendo a longevidade voltou assim a reunir uma referência internacional. Depois de figuras como Juan Carlos Izpisúa, Pascal Bruckner, Tom Kirkwood, Aubrey de Grey ou Shlomo Benartzi, foi a vez de Poulain, que partilhou com o público as chaves da longevidade consciente através dos ensinamentos das Zonas Azuis.

 

 

 

 

O Centro Internacional sobre o Envelhecimento (CENIE), promovido pela Fundação Geral da Universidade de Salamanca, reuniu num novo capítulo de Conversaciones en Salamanca: compreendendo a longevidade o demógrafo belga Michel Poulain, co-criador das Zonas Azuis

 

Durante a sua intervenção, Poulain explicou porque é que em determinados lugares do mundo, desde a Sardenha até Okinawa ou Costa Rica, as pessoas atingem idades muito avançadas com uma qualidade de vida excecional. A chave, disse, não está no acaso, mas sim em estilos de vida saudáveis, fortes laços comunitários e ambientes sociais e culturais que sustentam o bem-estar.

 

O objetivo do encontro era claro: compreender o que podemos aprender com estas comunidades e como aplicar esses ensinamentos para construir sociedades capazes de promover uma longevidade consciente e saudável.

 

A iniciativa faz parte do projeto Novas Sociedades Longevas, aprovado no âmbito do Programa Interreg VI-A, Espanha-Portugal (POCTEP), 2021-2027, do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER). Nesta nova sessão, o escritor e jornalista Jesús Ruiz Mantilla foi o responsável por introduzir e moderar.

 

O CENIE sublinhou a importância da presença de Michel Poulain em Salamanca: “O doutor Poulain demonstrou-nos através das Zonas Azuis que a longevidade não é apenas uma questão de genética ou de avanços médicos, mas também de como vivemos, de como cuidamos uns dos outros e de como construímos a nossa comunidade. O desafio não é apenas acrescentar anos à vida, mas dar qualidade a esses anos. Para isso devemos aprender com referências como Poulain e com os seus ensinamentos. O nosso compromisso é trabalhar para que a longevidade consciente seja um projeto viável, em que cada etapa tenha sentido.”

 

Na sua conferência Zonas Azuis: a arte de viver mais e melhor em sociedades que envelhecem, Poulain explicou como o conceito que identificou juntamente com Gianni Pes na Sardenha, no ano 2000, se tornou uma referência mundial. Estes territórios demonstram que a longevidade não é um fenómeno fortuito, mas sim o resultado de hábitos de vida saudáveis, redes comunitárias sólidas e culturas de cuidado que sustentam o bem-estar.

 

Professor emérito da Universidade Católica de Lovaina e fundador da organização sem fins lucrativos Living Blue Zone, Poulain destacou durante a sua intervenção as 7 chaves destes lugares, que procura transferir para todos os territórios modernos: “Primeiro, comer de forma saudável, mas sem uma dieta especial, simplesmente não exagerar e consumir comida local e natural. Segundo, movimentar-se, praticar desporto, e não tem de ser de forma excessiva, pode ser algo tão simples como ir a pé para o trabalho. Terceiro, evitar o stress tanto quanto possível e dormir bem. Quarto, manter contacto com a família, o que se liga à quinta chave, que é criar comunidade com as pessoas que nos rodeiam, os amigos, os vizinhos… Também é importante respeitar o planeta e a natureza e, por último, ter um propósito na vida.”

 

O CENIE tem como uma das suas missões apoiar projetos em Espanha e Portugal alinhados com os princípios das Zonas Azuis, para voltar a colocar no centro da conversa a saúde, a longevidade e as relações com os outros, e para impulsionar mudanças que permitam às pessoas e comunidades enfrentar o futuro com maior coesão e bem-estar.

 

Michel Poulain

 

O demógrafo belga Michel Poulain é um dos grandes referentes internacionais no estudo da longevidade. O seu nome ficou para sempre ligado às Zonas Azuis após identificar na Sardenha, juntamente com Gianni Pes, o primeiro território onde a população atingia idades excecionais com uma qualidade de vida admirável. A partir daí, a sua investigação estendeu-se a Okinawa (Japão), Nicoya (Costa Rica) e Loma Linda (Estados Unidos), validando cientificamente a idade de centenários e supercentenários e mostrando que a longevidade não é fruto do acaso nem apenas da genética, mas sim o resultado de estilos de vida, vínculos comunitários e culturas de cuidado.

 

Hoje, como professor emérito da Universidade Católica de Lovaina, Poulain impulsiona o projeto Living Blue Zone, com o qual procura transferir os ensinamentos destas comunidades longevas para contextos urbanos. A sua proposta combina prevenção, coesão social e hábitos saudáveis, com um objetivo claro: que o aumento da esperança de vida se converta numa verdadeira oportunidade de bem-estar partilhado.

 

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