Sumário Executivo
No âmbito do Projeto Individual 2 integrado no Projeto Coordenado SecurHome (adiante designado de PI2-SecurHome), o presente Deliverable visa sistematizar o estado da arte relativo à temática em estudo: “a realização de uma aplicação móvel de monitorização da atividade doméstica através da televisão”. Tendo por base que a missão do projeto se centra no acompanhamento de pessoas idosas em casa, com uma abordagem de monitorização da sua atividade que não implica alterações no ecossistema doméstico, o documento reúne um levantamento do estado da arte de diversas soluções tecnológicas que se aproximam deste desígnio. O levantamento destas soluções tecnológicas está estruturado em dois tipos de soluções: abordagens IOT associadas a dispositivos complementares e abordagens centradas na televisão.
Após este levantamento, é realizada uma apresentação sistemática do sistema iNeighbour TV, na perspetiva de que este servirá de base tecnológica para o desenvolvimento de uma aplicação móvel objeto deste projeto.
1. Introdução
Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INS), em 2015 cerca de 2,1 milhões de portugueses (aproximadamente 21% da população total) tinham mais de 65 anos, sendo que a previsão [1] aponta para que este número passe para 2,8 milhões em 2050 (cerca de 30% da população total). Também segundo o INS, a população em idade ativa (entre 15 e 64 anos) residente em Portugal decrescerá significativamente, passando de 6,7 milhões em 2015 (cerca de 67% da população) para 3,8 milhões em 2050. A somar a este envelhecimento generalizado da população, verifica-se também que, em Portugal, o número de idosos a viver sozinhos duplicou entre 2012 e 2018. Em 2018 a Guarda Nacional Republicana (GNR) sinalizou mais de 28 mil idosos a viver sozinhos e mais de 5 mil a viverem isolados [2].
Concomitantemente com o avançar da idade, as pessoas podem adquirir um amplo espectro de limitações, ao nível sensorial, físico e cognitivo, quem tendem a aparecer combinadas, aumentando o seu impacto.
No contexto exposto, o apoio e a monitorização de pessoas idosas, de preferência discreta e não- invasiva, tem o potencial de identificar automaticamente acidentes (tais como quedas ou doenças súbitas) ou, ainda mais importante, de alertar para situações de potencial risco permitindo aos cuidadores tomar medidas atempadas que evitem acidentes graves (problemas derivados de falta de toma de medicação, desorientação física, assaltos, etc). Esta questão da monitorização relaciona-se com os conceitos de tele-cuidados, teleassistência e telemedicina, os quais encerram várias valências associadas aos cuidados de saúde e apoio à vida das pessoas quando estas estão nas suas casas. As referidas valências são asseguradas por meios tecnológicos que permitem a transferência, entre a comunidade (no sentido lato) e o paciente, de informação relativa a serviços de diagnóstico, terapia e monitorização [3].
A importância crescente dos sistemas de tele-cuidados, na perspetiva em que estes permitem que as pessoas se mantenham independentes nas suas próprias casas, é corroborada por um estudo realizado pela empresa Cisco [4]. Este estudo, que envolveu seis mil pessoas em todo o mundo, visava perceber qual a perceção que as pessoas têm da utilidade de sistemas de tele-cuidados. Os resultados mostram que 70% das pessoas se sentem confortáveis com a possibilidade de comunicar com os médicos através de meios tecnológicos em vez do contacto pessoal e que 30% procura informação medica e de diagnóstico na Internet. Importa, ainda, referir que os tele-cuidados, não substituindo os cuidados presenciais, estão a assumir a integração e um papel de complementaridade no sentido de aumentar a qualidade dos serviços prestados. Tecnologicamente, os sistemas de tele-cuidados são, normalmente, suportados por variados dispositivos e soluções à medida, entre os quais se destacam sensores de sinais vitais, de queda e de presença e terminais fixos e moveis. Adicionalmente, assiste-se a uma interessante janela de oportunidade para incluir a televisão, na sua vertente interativa, nesta lista de dispositivos. A pertinência, desta oportunidade, advém do facto de que a maioria das soluções de tele-cuidados, por forma a garantir funcionalidades mais alargadas, requer a introdução de novos dispositivos na casa das pessoas. Este facto pode condicionar, por um lado, a instalação e disponibilização dos sistemas e, por outro, a própria motivação e aceitação por parte dos futuros utilizadores. Esta situação será́ ainda mais sensível para o público sénior, habitualmente menos disponível para integrar nas suas rotinas diárias novos dispositivos tecnológicos. Nesse sentido, as soluções de monitorização remota e tele-cuidados que se suportam na televisão, um equipamento já disponível na esmagadora maioria dos lares e substancialmente utilizado pelos seniores1 [5]), apresentam vantagens que poderão ser decisivas para a generalização destes sistemas. Acresce que esta abordagem, desde que convenientemente implementada, pode ter uma dupla vantagem:
• por um lado, pode contribuir diretamente para o desígnio deste projeto: suportar o acompanhamento de pessoas idosas em casa de uma forma discreta e não-invasiva, com base na monitorização da sua atividade diária, sem necessidade de alterações no ecossistema doméstico;
• por outro lado, pode permitir alertar automaticamente os cuidadores para situações de potencial risco, traduzidas por desvios ao padrão diário de visionamento televisivo e de toma de medicação, que advenham de problemas originados por doença súbita, desorientação física, assaltos, ou qualquer outro incidente que modifique a atividade típica, permitindo aos cuidadores tomar medidas atempadas que evitem acidentes graves.
Após esta introdução, o presente relatório inicia-se com uma abordagem às soluções de monitorização remota e tele-cuidados disponíveis no mercado português (apresentada na secção 2.1). Seguidamente, e atendendo à referida orientação do documento para sistemas baseados na televisão, realiza-se uma análise detalhada das soluções centradas neste dispositivo (apresentada na secção 2.2). A secção 3 do documento apresenta um sistema de tele-cuidados desenvolvido na Universidade de Aveiro, o iNeighbour TV, que adota uma plataforma de televisão interativa e, consequentemente, o televisor como o equipamento de mediação tecnológica. Descrevem-se, a seguir, as áreas do sistema com um especial enfoque nas funcionalidades mais diretamente relacionadas com a saúde. Finalmente, é apresentada a abordagem em curso com vista à redefinição das funcionalidades do ecossistema, de apoio ao idoso, de forma a o tornar mais ágil e eficiente face aos objetivos do projeto.
2. Soluções tecnológicas de apoio ao idoso
Os seniores e as pessoas com necessidades especiais constituem a principal parcela do público- alvo dos sistemas de monitorização remota e tele-cuidados, nomeadamente dos mais recentes que integram abordagens IOT (Internet of Things) através de diversos dispositivos e sensores [6]. A olhar para este segmento, o qual merece toda a contribuição por parte da comunidade científica2, empresarial e institucional, assiste-se em Portugal, tal como em muitos outros países, a uma penetração crescente destes sistemas nos lares portugueses.
2.1. Abordagens IOT associadas a dispositivos complementares
De forma a espelhar a realidade internacional, ao nível desta matéria, com destaque para a situação portuguesa, apresentam-se, a seguir, algumas tipologias de serviços integrados de tele- cuidados essencialmente associados a pulseiras e pendentes com detetores de queda [7], câmaras de vigilância, telemóveis especiais, sensores de presença (pressão e abertura), dispensadores de medicamentos, com ou sem integração a sistemas de alertas médicos, os quais têm como constituintes básicos sensores e dispositivos como os apresentados na Figura 1.
2 Veja-se, a t.tulo exemplificativo, a investiga..o realizada no AgeLab do MIT (http://agelab.mit.edu)
3 V-SOS Band˝ da Vodafone, https://shop.v.vodafone.com/pt/v-sosband
4 Active Guardian˝, https://www.medicalguardian.com/products/active-guardian
5 V-Camera˝ da Vodafone, https://shop.v.vodafone.com/pt/V-Camera
6 ZTC SP4˝, http://www.ztc.pt/item.php?i=109
7 CordLess Floor Mat˝, http://smartcaregiver.com/cordless-floor-mats/
8 Hero˝, https://herohealth.com
Em Portugal, têm vindo a ser desenvolvidas várias iniciativas com vista ao desenvolvimento de sistemas integrados de apoio ao idoso, tal como o serviço de teleassistência fornecido pela Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) para garantir a assistência a idosos. Este sistema integra uma pulseira ou um colar, interligado a um terminal telefónico fixo, com um botão de alarme que ao ser pressionado pelo utente, em qualquer parte de sua casa, estabelece contacto telefónico imediato com o Contact Center da CVP (Figura 2), que garante o apoio a situações de emergência/urgência, segurança e solidão, 24h por dia e 365 dias por ano. Este sistema pode, ainda, ser interligado a um conjunto de sensores (de queda, fumo, fuga de gás, delimitador de zonas de segurança) [8]. Com base na informação reunida pelos diversos sensores e pela plataforma integradora, a CVP pode ainda fornecer serviços de gestão domiciliária. Adicionalmente, com o auxílio de um dispositivo móvel (adaptado às caraterísticas dos seniores), o serviço oferecido é potenciado com a possibilidade de georreferenciação do utente, acrescentando novas capacidades de monitorização.
Além desta solução integrada da CVP, há ainda outras em utilização em Portugal que utilizam tecnologias similares, como, por exemplo a da Comfort Keepers [9], a da Vodafone V-SOS Band [10], que integra, para além de uma pulseira com deteção de quedas e GPS, um modulo de comunicação que envia notificações para uma app móvel de utilização pelo cuidador. De salientar, ainda, a empresa True-Kare [11], desenvolveu uma solução mais completa direcionada para os seniores e para pessoas com necessidades de acompanhamento especial. Esta solução está dividida em duas componentes: um telemóvel True-Kare, utilizado pelos utentes como se de um telefone móvel vulgar se tratasse, mas com adaptações ao nível do design que o tornam mais fácil de utilizar pelos seniores; e uma aplicação web denominada 'Portal de Serviço', que é gerida por uma pessoa (um cuidador) para dar apoio ao utilizador do Telemóvel True-Kare. Neste portal, o cuidador pode, entre outras: obter informações relativamente à saúde do seu dependente; marcar consultas médicas; agendar a medicação; consultar a localização; configurar o botão de emergência do telefone. Agregado ao telemóvel podem ainda ser adicionados sensores como: i) medidor de tensão arterial que envia os dados automaticamente para o portal; ii) Adaptador para medidor de Glicose que também envia os dados lidos automaticamente para o Portal; iii) Relógio, com ações que podem ser programadas no portal; iv) Porta-Chaves, com ações que podem ser programadas no portal.
Os vários sistemas acima descritos implicam a necessidade de um conjunto de equipamentos que, na versão mais simplificada se resumem a um “colar”, com capacidade de comunicação por GSM, mas que podem ser completados por uma minicentral de comunicações e pela panóplia de sensores identificados na Figura 1.
No entanto, este tipo de abordagens, implica sempre que um ou vários sensores sejam transportados ou manipulados pelo idoso, o que, para além de implicar a aquisição (por vezes dispendiosa) de hardware, nem sempre representa uma solução eficiente e confortável.
2.2. Abordagens centradas na televisão
Como referido na introdução, a televisão, na sua vertente interativa, permite que o televisor, e toda a dinâmica que se centra à volta deste, se apresente como uma alternativa de suporte aos sistemas de monitorização remota e tele-cuidados, minimizando a instalação de nenhum sensor adicional e aproximando-se da missão subjacente a este projeto:
"detection of elderly domestic accidents without making any changes”
É neste contexto, que esta secção enuncia o atual estado da arte destes sistemas.
Informe 1
Das diversas soluções de televisão interativa (comerciais ou protótipos) existentes, as que, potencialmente, mais têm contribuído para que o televisor seja encarado como um dispositivo central num sistema de tele-cuidados, são aquelas que incorporam funcionalidades relacionadas com a interação social [12], enquadrando-se no domínio da Social iTV. São vários os exemplos destas aplicações: ConnecTV [13], Collabora TV [14], Amigo TV [15], Telebuddies [16] ou WeOn TV [17]. Uma característica comum a estas aplicações, que se revela importante no contexto dos utilizadores seniores, prende-se com a informação de presença (que permite identificar outras pessoas que estão, também, a ver televisão) e com a capacidade de comunicar através da televisão (eventualmente para comentar o que se está a ver, transmitindo, assim, uma sensação de visionamento partilhado e de companhia).
Com base no conhecimento que a academia, e também a indústria, foi retirando, não só das aplicações acima identificadas, mas também, de outros casos de sucesso com carácter mais comercial, têm vindo a aparecer algumas soluções que, pelos seus objetivos, se enquadram no domínio dos tele-cuidados. Apresentam-se, a seguir, quatro exemplos europeus e 4 nacionais resultantes de projetos de investigação orientados à promoção dos cuidados de saúde e da autonomia do utilizador:
eCAALYX - este projeto foi um dos primeiros a ser suportado pelo programa AAL (Ageing Well in the Digital World)9, tendo tido como objetivo criar soluções para prevenir e gerir situações crónicas associadas aos seniores. Juntamente com um conjunto de ferramentas de monitorização remota, o sistema eCAALYX [18] incorporou uma interface baseada na televisão que permite aos pacientes monitorizar e avaliar a sua evolução clínica. Esta interface permite, também, aos seniores interagirem com a sua rede de cuidadores, como por exemplo filhos, médicos, enfermeiros, entre outros. Os protótipos do sistema eCAALYX foram testados num centro de dia, com vista à sua otimização através de uma metodologia de design participativo.
BL Healthcare - a empresa BL Healthcare [19] fornece um conjunto de funcionalidades de telemedicina através de uma Set-Top Box (STB) especial, que é capaz de recolher dados de dispositivos sem fios e enviá-los para os profissionais médicos. As STB e Smart TVs fornecidas são apenas utilizadas para as funcionalidades BL Healthcare e não permitem a descodificação do sinal de televisão.
T-Asisto - o projecto T-Asisto [20] integra serviços de teleassistência com a televisão utilizando a tecnologia de difusão da TDT (Televisão Digital Terrestre). Este sistema, de origem espanhola, integra as Set Top Boxes (STB) utilizadas na TDT com um terminal de teleassistência que recebe alertas de diversos sensores (Gás, Fumo, Fogo, Movimento, entre outros) espalhados pela casa do utilizador. O terminal permitia também detetar eventos de emergência despoletados pelo utilizador e de mostrar, no televisor, as mensagens escritas (SMS) e os compromissos do utilizador;
CogKnow - dirigido a pessoas com demência [21], o projeto pretendeu contribuir para os utilizadores viverem melhor os seus dias. Para conseguir atingir este objetivo, procurou-se perceber as necessidades dos pacientes identificando quanto portável e configurável devem ser as soluções tecnológicas para ajudar estas pessoas. Suportou-se em protótipos de reforço das capacidades cognitivas para ajudar os pacientes a:
• Lembrarem-se dos acontecimentos;
• Manter o contacto social;
• Viver a vida quotidiana e disfrutar de atividades recreativas;
• Melhorar o sentimento de segurança.
BL Healthcare - BL Healthcare[19] proporciona un conjunto de funcionalidades de telemedicina a través de un receptor digital multimedia (STB) especial, que es capaz de recopilar datos de dispositivos inalámbricos y enviarlos a profesionales médicos. Los televisores STB y Smart TV suministrados sólo se utilizan para las funciones de BL Healthcare y no permiten la descodificación de la señal de televisión.
T-Asisto - el proyecto T-Asisto[20] integra los servicios de teleasistencia con la televisión utilizando la tecnología de radiodifusión de la TDT (Televisión Digital Terrestre). Este sistema, de origen español, integra los Set Top Boxes (STB) utilizados en la TDT con un terminal de teleasistencia que recibe alertas de diversos sensores (Gas, Humo, Incendio, Movimiento, entre otros) repartidos por toda la vivienda del usuario. El terminal también permitía la detección de eventos de emergencia activados por el usuario y la visualización de mensajes escritos (SMS) y citas de usuario en el televisor;
CogKnow - dirigido a personas con demencia[21], el proyecto pretendía contribuir a que los usuarios vivan mejor sus días. Para lograr este objetivo, se buscaba entender las necesidades de los pacientes identificando cuán portátiles y configurables deben ser las soluciones tecnológicas para ayudar a estas personas. Fue apoyado por prototipos de construcción de capacidad cognitiva para ayudar a los pacientes:
- Recuerdar eventos;
- Mantener el contacto social;
- Vivir la vida diaria y disfrutar de actividades recreativas;
- Mejorar la sensación de seguridad.
IDTV Health – o objetivo principal deste projeto foi avaliar o potencial da televisão interativa digital (iDTV) para promover serviços, formatos e conteúdos originais que possam ser relevantes para apoiar os cuidados de saúde e bem-estar dos indivíduos com mais de 55 anos em território português [22].
Saúde.come - este projeto é, essencialmente, centrado num programa de ensino e motivação para a promoção de estilos de vida saudáveis, sendo que recorre à utilização de uma aplicação de TV interativa para a sua difusão [23].
AAL@MEO - no âmbito do programa de financiamento AAL4ALL (Ambient Assisted Living for All) foi desenvolvida a aplicação de TV interativa AAL@MEO [24]. Esta permite apresentar diversas informações na TV, tais como, medidas de sinais vitais (por exemplo, pressão arterial), medidas de peso ou vídeos informativos, tendo por base um dashboard com um resumo de todas as informações que são disponibilizadas ao utilizador [25].
+TV4E – trata-se de uma aplicação de TV Interativa, desenvolvida no grupo de investigação em SocialiTV da Universidade de Aveiro, que permite intercalar, na normal emissão televisiva, vídeos sobre serviços públicos e sociais de interesse para os seniores. A geração dos vídeos é totalmente automática e o seu endereçamento aos utilizadores é efetuado através de um serviço específico de personalização.
Além dos projetos acima enunciados, Blackburn, Brownsell, e Hawley [27], apresentam uma revisão sistematizada de outros projetos desenvolvidos para plataformas de televisão interativa. Nesta revisão, que é contemporânea da fase de conceptualização do sistema iNeighbour TV (ver secção 3), os autores categorizam os projetos em 7 grupos: i) E-commerce; ii) Consultas de saúde; iii) Informação e Educação em saúde; iv) Infotainement; v) Serviços locais e eventos; vi) interação social, e; vii) monitorização de sinais vitais.
Uma análise a esta revisão permite verificar que 68% dos projetos descritos inserem-se em grupos com funcionalidades relacionadas com a: monitorização de pessoas (sinais vitais, por exemplo); disponibilização de cuidados e informação de saúde e; a consulta médica à distância. Percentualmente, esta elevada cota de projetos, com preocupações ao nível dos tele-cuidados, corrobora a importância que a comunidade científica revê nesta área.
Em termos de funcionalidades, do conjunto de projetos relacionados com tele-cuidados, destacam-se as funcionalidades de comunicação entre utilizadores, presentes em todos os trabalhos analisados. Estas suportam-se, essencialmente, em chamadas de voz. Contudo dos 17 projetos analisados, 40% incluem igualmente comunicação através de chamadas de vídeo. A revisão permite, também, verificar uma tendência para os sistemas se suportarem em sensores adicionais para fornecerem serviços de monitorização dos sinais vitais e melhorar, por exemplo, os tempos de resposta das redes de cuidados em caso de emergência. Uma outra tendência percebida, indica que 30% dos trabalhos revistos por Blackburn, Brownsell, e Hawley incluem dispositivos adicionais para facilitar a interação com as aplicações, sobretudo para pessoas que revelem algum tipo de limitação física. Estes mecanismos de interação são especialmente adequados para públicos específicos como os seniores. Segundo o referido estudo, os problemas dos projetos estudados centram-se, por um lado, no facto de apenas 30% deles estarem implementados em plataformas de uso comercial e, por outro, no facto de apenas 50% dos projetos reportarem a existência de testes de usabilidade com utilizadores.
É no contexto referido que, pela abordagem transversal do sistema iNeighbour TV (associada ao facto de este ter sido suportado numa infraestrutura comercial de IPTV e alvo de uma avaliação longitudinal em ambiente de teste de campo - envolvendo 2 cidades portuguesas), este projeto se diferencia dos demais identificados por Blackburn, Brownsell e Hawley.
3. O sistema iNeighbour TV
O sistema “iNeighbour TV - A televisão Interativa na promoção do conforto e da sociabilidade entre cidadãos seniores” reflete o resultado de um projeto de investigação da Universidade de Aveiro, concluído em 2012, com financiamento da FCT e participação da Portugal Telecom. Como o próprio nome indica, o sistema, cuja componente central é uma aplicação de TV Interactiva (iTV), tem o duplo objetivo de, por um lado, promover a interação social entre cidadãos seniores (uma dinâmica que, frequentemente, tende a diminuir com a idade com impacto ao nível do isolamento) e, por outro, suportar atividades no domínio dos tele-cuidados.
Relativamente às funcionalidades destinadas à promoção da interação social, uma componente com potencial ao nível da companhia, vigilância e comunicação entre indivíduos, a sua dinâmica centra-se em mecanismos de identificação e interação entre pessoas baseados em: i) interesses comuns; ii) proximidade geográfica; e iii) relações de parentesco. Não obstante a importância ao nível do bem-estar desta componente, esta secção foca-se, maioritariamente, na vertente inerente aos tele-cuidados permitida pelo iNeighbour TV. Neste domínio, o sistema inclui diversas funcionalidades, tais como: gestão de medicamentos, de consultas e de exames médicos (com os respetivos lembretes a aparecerem, no momento adequado, sobre a imagem televisiva ou, caso o sénior não esteja a ver TV, via SMS ou email); sistema de monitorização contínua de desvios à rotina diária do sénior (com emissão de alertas ao cuidador) e; panic button (com o qual o sénior, através de um botão do telecomando, pode pedir imediatamente ajuda ao seu cuidador).
Como refletido nesta breve descrição, o televisor torna-se o elemento central de toda a ação do iNeighbour TV, a qual foi desenhada de forma a coabitar, de uma forma harmoniosa, com a normal receção televisiva. Importa esclarecer que a aposta no televisor, enquanto terminal telemático, prende-se com o facto de, por um lado, este ser o dispositivo que assume maior penetração, e utilização, junto da população sénior [5] e, por outro, porque a familiaridade com a respetiva interação se torna num fator facilitador da integração de funcionalidades interativas, como as acima mencionadas, nas rotinas diárias dos seniores.
Para além da aplicação de iTV, que foi especialmente desenhada para ser de fácil utilização pelo público sénior (descrita em maior detalhe nas próximas secções), o sistema iNeighbour TV é complementado por mais duas plataformas (ver Figura 3): um portal Web e uma aplicação para terminais móveis, tipicamente dirigidas aos cuidadores e, eventualmente, profissionais de saúde. Enquanto o portal Web permite a personalização avançada do sistema e uma introdução, mais ágil, de informação, a aplicação mobile possibilita que os cuidadores possam monitorizar, constantemente, as atividades dos seus dependentes (estas funcionalidades são descritas na secção 3.3).
Importa destacar que a aplicação de iTV, para além de ter sido implementada em Set-Top Boxes (STB) comerciais (do sistema de IPTV da Altice - MEO), foi, conjuntamente com as outras plataformas, longitudinalmente avaliada num estudo de campo que contou com a participação de utilizadores residenciais das cidades de Aveiro e do Porto. Este Field Trial permitiu, não só avaliar questões relacionadas com a usabilidade e user experience (UX) inerentes ao sistema, mas, também, recolher dados relativos ao potencial impacto do sistema na qualidade de vida dos cidadãos seniores.
3.1. Funcionalidades do sistema
Após esta breve síntese do sistema iNeighbour TV, apresenta-se a seguir uma descrição das funcionalidades inerentes à aplicação de TV. A identificação das mesmas resultou, num primeiro momento, de um levantamento detalhado das necessidades do público-alvo que poderiam ser suportadas pela aplicação e, num segundo momento, por uma abordagem de desenho centrado no utilizador, adotada ao longo do desenvolvimento do projeto, que permitiu ajustar as diversas funcionalidades em função do feedback obtido por diversos utilizadores seniores. Esta identificação de funcionalidades conduziu a uma estruturação da aplicação iTV em seis áreas principais: i) comunidade; ii) saúde (a área principal abordada neste documento); iii) lazer; iv) informação; v) mural e; vi) comunicação.
Não obstante, a área mais importante, no contexto deste documento, ser a de saúde (ver secção 3.2), é relevante descrever, mesmo que brevemente, a função das restantes áreas que, direta ou indiretamente, também podem contribuir para o bem-estar dos seniores (quer do ponto de vista físico quer social).
A área da Comunidade foi pensada com o intuito de contribuir para o combate às questões de isolamento social e solidão. Assim, o seu objetivo é o de facilitar o estabelecimento de novas relações (bem como o fortalecimento das já existentes) através de interações sociais mediadas pela televisão. É relevante verificar que esta abordagem, típica das aplicações na área de Social iTV, começou a ser aplicada, por outros investigadores [28], com o mesmo intuito que o do sistema iNeighbour TV. Esta área permite, assim, criar e gerir uma lista de amigos (ver Figura 1), consultar os amigos que estão a ver televisão, assim como saber os programas que se encontram a ser visualizados, por estes, naquele momento. Simultaneamente, permite a gestão de um perfil pessoal, com informações que incluem localização, idade, interesses e aptidões e, ainda, realizar alterações de estado (ligado; ocupado; doente). É, também, oferecida a hipótese de procurar e adicionar amigos (realizando uma busca por nome, interesse ou aptidão), sendo os resultados devolvidos em função da proximidade geográfica, facilitando o processo de encontrar “vizinhos”.
Como referido anteriormente, os seniores passam muito tempo a ver televisão. Contudo, mesmo parecendo um paradoxo, o televisor pode funcionar como uma ferramenta para promover hábitos de vida mais saudáveis.
Para tal, a área lazer (ver Figura 6) inclui funcionalidades projetadas para encorajar os seniores a saírem da frente da TV, ou mesmo de casa, levando-os a sociabilizarem e fazerem exercício físico no exterior. O utilizador tem a possibilidade de criar uma atividade enviando convites para quem desejar. De igual modo, pode consultar todos os eventos criados por terceiros e gerir a sua participação. Uma forma subtil de dinamizar a criação destas atividades/eventos consiste no facto da aplicação ter a capacidade de emitir sugestões, contextualizadas, ao utilizador. Está neste caso a situação em que, se o utilizador está a consultar a informação meteorológica (e está bom tempo), a aplicação, automaticamente, lhe exibir uma mensagem como: Hoje está bom tempo! Que tal marcar uma caminhada com os seus amigos?
Importa ainda referir que, para além de eventos de carácter mais lúdico, a aplicação também permite que o utilizador possa procurar (e candidatar-se) a bolsas de voluntariado que se adequem aos seus interesses e capacidades, bem como à sua história laboral.
Na área da Informação (Figura 7), o utilizador pode, para além de consultar a informação meteorológica, ser informado de alertas da proteção civil e do estado das marés.
Quanto à área da Comunicação (Figura 8), esta permite o envio e a receção de mensagens de texto (SMS) de, e para, televisores de outros utilizadores do iNeighbour TV ou para telemóveis de qualquer pessoa. Devido aos problemas relacionados com a menor acuidade visual dos seniores [29] e, eventual, dificuldade na utilização de telemóveis, esta é uma forma interessante de, por exemplo, possibilitar a comunicação entre avós e netos.
3.2. Área da saúde
Esta área, do iNeigbour TV, é uma das mais importantes e relevantes no contexto deste documento, dado o seu enquadramento na área dos tele-cuidados suportados pela televisão interativa. Importa, assim, analisar cada uma das três subáreas que a compõem: i) a minha medicação; ii) marcações (consultas/exames) e farmácias de serviço; e iii) gestão de prescrições.
Na subárea – a minha medicação, o utilizador pode verificar quais os medicamentos que tem que tomar (ver Figura 9). De forma a simplificar a consulta desta informação, a aplicação disponibiliza a lista de medicamentos relativa: ao próprio dia; ao dia seguinte e; às tomas em atraso. Complementarmente e para contornar os problemas de memória que, tipicamente, se agudizam nesta faixa etária, sempre que chega a hora de tomar um determinado medicamento, se o utilizador estiver a ver televisão (mesmo que sem a aplicação aberta), é automaticamente exibido (por cima da imagem televisiva) um lembrete como exemplificado na Figura 10.
As opções disponíveis, em relação ao lembrete, são: marcar como tomado ou adiar o lembrete para mais tarde. Está também prevista a possibilidade de interligar um dispensador físico de medicamentos que interage com o sistema inibindo os lembretes caso o utilizador tenha já tomado o respetivo medicamento. No caso do televisor não se encontrar ligado, os lembretes são redirecionados para o telemóvel do utilizador. Acresce que (tal como descrito na secção 3.3), caso não haja notificação de que o medicamento foi tomado, o respetivo cuidador é informado através da aplicação mobile do sistema iNeighbour TV.
Na subárea - marcações e farmácias, o utilizador pode verificar quais as consultas e exames médicos que terá que realizar. Estas marcações podem ser agendadas via portal web (pelo próprio, pelo seu cuidador ou, eventualmente, pelo seu médico), sendo que, 24 horas antes de cada uma, o utilizador receberá um aviso à semelhança do que acontece com os lembretes dos medicamentos. Ainda nesta subárea, o utilizador pode consultar as farmácias de serviço, as quais aparecem automaticamente ordenadas pela proximidade geográfica à sua casa.
Na subárea – inserir medicação, através de um tutorial muito simples, o utilizador pode informar o sistema dos medicamentos que tem que tomar, inserindo, passo a passo, a seguinte informação: medicamento, quantidade, periodicidade, data de início e duração do tratamento. No portal web, tipicamente utilizado pelo cuidador e/ou médico, também é possível inserir esta informação e acrescentar detalhes sobre a toma, como por exemplo: não tomar com o estômago vazio.
3.3. Deteção de situações de emergência
Um dos aspetos que foi tido em conta, aquando da conceptualização do sistema iNeighbour TV, foi o facto de que, frequentemente, os seniores necessitam de assistência, ou mesmo vigilância, permanente por parte dos seus cuidadores, no sentido de se precaver ou acudir a situações potencialmente perigosas. À imagem de outros sistemas de tele-cuidados (identificados na secção 2), também a aplicação iNeighbour TV disponibiliza um sistema de panic button, embora, neste caso, não seja necessário dotar o utilizador de qualquer equipamento extra (colar ou pulseira), pois o alarme é despoletado pelo simples premir de um botão do telecomando. Após premir o botão no telecomando, o utilizador tem 5 segundos para cancelar o envio do pedido de ajuda, o qual envia uma SMS para o telemóvel do cuidador previamente associado (via portal web).
Complementarmente, o sistema disponibiliza um mecanismo de monitorização permanente, que, apesar de ser transparente para o utilizador, deteta variações significativas às suas rotinas habituais, avisando o cuidador, nos casos mais graves, via SMS e correio eletrónico.
O algoritmo, especialmente desenvolvido para o efeito, cruza continuamente informação relativa ao estado do utilizador (on ou off-line); desvios ao consumo televisivo típico; ausência de interação com a televisão; tomas de medicamentos, consulta ou exames em atraso; e participação em eventos no exterior (ver Figura 11). No sentido de minimizar falsos alertas, o algoritmo também recorre aos dados da agenda do sénior, de forma a verificar se, naquele momento particular, é ou não expectável que ele esteja em casa.
As causas dos alertas, disponibilizados em 5 níveis de gravidade (de acordo com o Homeland Security Advisory System e a escala da protecção cívil [30]), são passíveis de serem monitorizadas pelo cuidador a partir da aplicação móvel (ver Figura 11). O cuidador (que tenha sido autorizado pelo utilizador) pode, ainda, monitorizar a seguinte informação relativa ao seu dependente:
• hora da última interação com a TV;
• o histórico do consumo televisivo (programas e canais);
• lista de medicamentos (tomados e por tomar);
• agenda do dependente.
Através da aplicação móvel, o cuidador pode, ainda, enviar pequenas mensagens de texto para o televisor do sénior (seu dependente).
4. Atualização de funcionalidades
A par deste levantamento do estado da arte, a equipa do projeto encontra-se a estabilizar o funcionamento de toda a infraestrutura do sistema iNeighbour TV e a ponderar a redefinição das suas funcionalidades básicas. Como explicado, a aplicação móvel é dependente do funcionamento da aplicação iTV e respetivo portal de suporte. Assim, considerando os resultados obtidos aquando da avaliação no terreno do projeto, o amadurecimento dos investigadores sobre os aspetos cruciais a ter em conta e uma integração fluída do sistema nas práticas televisivas dos utilizadores alvo, todo o ecossistema do iNeighbour TV será alvo de uma reestruturação de forma a o tornar mais ágil e eficiente face aos objetivos do projeto.
5. Referências
[1] INS, (2015). Projeções de População Residente em Portugal. Acedido em 30-1-2019, de https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_destaques&DESTAQUES… =277695619&DESTAQUESmodo=2&xlang=pt
[2] GNR (2018). Operação “Censos Sénior 2018”. Acedido em 30-1-2019, de http://www.gnr.pt/noticias.aspx?linha=10107
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