25/06/2020

Novas possibilidades para estender a saúde e a longevidade

Nuevas posibilidades de extender la salud y la longevidad - Salud, Envejecimiento

A narrativa dominante em grande parte do mundo sempre foi e continua a ser a de promover estilos de vida ativos, dietas mais saudáveis, e diagnóstico e tratamento precoces para prolongar a duração da saúde. No entanto, as tecnologias para aumentar a longevidade oferecem novas possibilidades.

Em primeiro lugar, o jogo poderia ser utilizado para encorajar as pessoas a manter estilos de vida mais saudáveis ou cuidados pós-tratamento. Isto, juntamente com a análise de dados personalizados e o feedback dos praticantes de IA, é onde a próxima onda de dividendos de longevidade será colhida. As aplicações de cuidados de saúde e os seus assistentes de IA poderiam salvar mais vidas do que os hospitais num futuro próximo.

Em segundo lugar, os medicamentos e suplementos tomados para prevenir doenças relacionadas com a idade, em vez de curar doenças específicas, são uma potencial mudança de jogo. Em vez de envelhecer como um processo biológico inevitável, o ensaio TAME sugere o potencial para processos relacionados com a idade serem atacados e bloqueados. Os suplementos regulares para um envelhecimento lento podem tornar-se tão comuns como os comprimidos de vitamina C.

Preocupações Éticas e Discussões Baseadas em Valores

As novas tecnologias e os novos tratamentos apresentam possibilidades interessantes mas também desafios éticos.

Em primeiro lugar, nas fases iniciais da sua adopção, é provável que estas tecnologias que aumentam a longevidade sejam proibitivamente caras e só estejam disponíveis para os ricos. Assegurar um acesso justo e equitativo para todos será uma questão importante a considerar pelos reguladores.

Em segundo lugar, será necessário assegurar que os ensaios clínicos e a comercialização de novos tratamentos sejam conduzidos de forma ética e não explorem as vulnerabilidades dos doentes terminais e/ou dos idosos. Tanto os cientistas como os reguladores têm apelado à prudência ao concentrarem-se num gene específico ou num processo biológico como determinante fundamental, uma vez que o envelhecimento continua a ser um processo complexo. Também deveria haver uma educação pública sobre a eficácia dos novos tratamentos para que as pessoas não sejam enganadas por alegações exageradas de prolongamento da vida.

Em terceiro lugar, o pacto intergeracional entre jovens e mais velhos vai exigir uma gestão cuidadosa. Os novos tratamentos irão beneficiar o segmento crescente dos idosos, enquanto os custos poderão ser suportados por uma proporção decrescente de trabalhadores mais jovens, especialmente se as estruturas sociais, tais como a idade da reforma, permanecerem as mesmas. Se os idosos permanecerem saudáveis e permanecerem nos seus empregos para além dos padrões atuais, a manutenção de oportunidades suficientes para os trabalhadores mais jovens pode também ser uma preocupação. Por conseguinte, serão necessárias discussões baseadas em valores sobre como atribuir recursos e oportunidades nacionais entre necessidades concorrentes de diferentes gerações (por exemplo, extensão de vida versus benefícios de habitação e educação).

Serão necessárias conversas baseadas em valores sobre como atribuir recursos e oportunidades nacionais entre necessidades concorrentes de diferentes gerações.

Idade como o marcador final

À medida que as novas tecnologias prolongam as funções cognitivas e físicas, a idade torna-se menos significativa como marcador da fase da vida e da capacidade. Além disso, a investigação demonstrou que o envelhecimento biológico, longe de ser um processo estático e intratável, é significativamente plástico. Isto significa que o declínio da função física não está ligado a idades específicas. É necessária uma compreensão mais profunda e texturada do envelhecimento e da longevidade. As políticas que se baseiam em idades específicas como substitutos de capacidade, como a idade de reforma, terão de ser revistas e atualizadas para acompanharem os avanços na investigação científica e inovação tecnológica. Por exemplo, um trabalhador mais velho com experiência e formação por exoskeletons pode ser igualmente ou melhor capaz de funcionar num trabalho intensivo de mão-de-obra, em comparação com um trabalhador mais jovem.

Conclusão

Os avanços no aumento da longevidade desafiam-nos a reformular a nossa visão do envelhecimento e a posicionarmo-nos estrategicamente para colhermos o próximo dividendo de longevidade. Devemos antecipar alterações fundamentais nos nossos pressupostos sobre a idade, o envelhecimento e as fases da vida. Quanto mais cedo investirmos em novas formas de pensar sobre o que significa envelhecer e viver mais tempo, melhor poderemos colher as recompensas de viver num mundo onde a idade é apenas um número.