25/03/2021

Porque é que se descuida a alimentação durante o envelhecimento?

Porque é que se descuida a alimentação durante o envelhecimento? - Tribuna Abierta, Sociedad

A qualidade dos alimentos durante o envelhecimento é uma das questões mais críticas e negligenciadas, especialmente nas pessoas idosas. É muito comum confundir os conceitos de qualidade, preço e quantidade, e muitas pessoas sem a experiência ou conhecimento certos, praticam erroneamente um comportamento alimentar errado e eventualmente prejudicial. Quando atingimos a idade da reforma e entramos na velhice, a nossa saúde nutricional começa a desempenhar um papel importante nas nossas vidas. 

O risco acrescido de dezenas de doenças e alterações corporais parece preocupar-nos ainda mais do que outros grupos etários.

Em alguns casos, a redução drástica e repentina da atividade física acrescenta-se a outra série de fatores que afetam o estado geral do adulto mais velho. A má alimentação é estabelecida como um dos factores mais influentes para o início de um processo de deterioração física que pode ser crónico em algumas pessoas.

Foi encontrada uma relação direta entre a qualidade dos alimentos e o estado físico geral em adultos com mais de 65 anos de idade. Os médicos geriátricos alertaram para a falta de diagnóstico de desnutrição em adultos mais velhos como um problema de saúde pública.

Um plano alimentar saudável nos idosos é tão importante como a medicação e o exercício físico como um determinante da boa saúde geral. Mesmo a pessoa com a melhor saúde física pode estar em risco por doenças relacionadas com a contaminação dos alimentos e o mau manuseamento dos alimentos.

Riscos relacionados com a alimentação na terceira idade

Durante muitos anos, a população com mais de 65 anos tem sido considerada um dos grupos mais vulneráveis da sociedade. A partir da entrada no que é conhecido como a terceira idade, mais ou menos, a partir dos 65 anos, começa uma série de mudanças físicas. Segundo estudos publicados pelo governo dos EUA, os idosos podem sofrer de alguns problemas de saúde relacionados com a alimentação. Alguma deterioração do estado físico de vários órgãos, pode produzir uma maior vulnerabilidade a certas práticas alimentares.

Os problemas mais frequentes são: 

  • A perda de tonicidade dos tecidos gastrointestinais moles produz um abrandamento dos movimentos peristálticos. 
  • Isto provoca uma maior retenção de alimentos no tracto intestinal com movimentos intestinais mais espaçados que aumentam a contagem bacteriana intestinal.
  • O fígado e os rins reduzem a sua capacidade de filtração glomerular e há uma maior retenção de toxinas e bactérias.
  • O estômago reduz a produção dos ácidos encarregados do processamento alimentar, a alteração do pH intra-estômago favorece o crescimento bacteriano.

Portanto, o estado dos alimentos desempenha um papel muito importante na nutrição das pessoas idosas. A diminuição dos mecanismos de defesa do organismo obriga-nos a ter mais cuidado com o estado dos alimentos que comemos. Quando atingimos a velhice, experimentamos um risco acrescido de contrair doenças relacionadas com a ingestão de alimentos insalubres. Parasitose, intoxicação alimentar e doenças entéricas podem tornar-se mais graves com a idade.

Segurança Alimentar em Adultos Idosos

Durante o processo de envelhecimento, o organismo aumenta o risco de doenças relacionadas com a alimentação.  Este risco está diretamente relacionado com a perda da capacidade defensiva do corpo.

Por esta razão, a nutrição nos adultos mais velhos deve obedecer a uma série de procedimentos de segurança alimentar especialmente dedicados. A escolha de alimentos mais seguros pode ser uma das práticas mais importantes nos cuidados de saúde durante o envelhecimento.

As 4 Regras de Ouro

A manipulação dos alimentos deve obedecer a uma série de processos que, quando aplicados corretamente, garantam uma maior segurança alimentar. Estas práticas devem ser seguidas pela pessoa, pelos prestadores de cuidados e por todos aqueles envolvidos na alimentação do adulto mais velho.

As 4 regras de ouro para a segurança alimentar são:

  • Limpar: As mãos, mobiliário, utensílios, ferramentas e recipientes que entram em contacto com os alimentos devem ser imaculados. 

A incorporação de uma rotina diária de limpeza combinada com uma limpeza profunda semanal é fundamental. A utilização de produtos germicidas, sabonetes e elementos antibacterianos é crucial. Obviamente, é necessário escolher os produtos que são seguros e inócuos para estar em contacto com os alimentos.

  • Separar: Há alimentos mais propensos ao crescimento bacteriano.

Os mariscos, peixes e aves, tendem a ser alimentos de cuidados especiais. Os ovos, queijos e lacticínios devem ser armazenados separadamente das carnes, legumes e frutas.

  • Cocção: A correta cozedura dos alimentos é um dos melhoradores da segurança alimentar.

A maioria das bactérias não sobrevive a temperaturas superiores a 80°C, razão pela qual se deve cozinhar todos os alimentos adequadamente.

  • Refrigeração: A refrigeração é outro dos elementos mais importantes quando se trata de preservar adequadamente os alimentos. O frio abaixo de 7ºC é um inibidor natural da atividade bacteriana e muitas bactérias não se podem desenvolver a temperaturas abaixo de 0ºC.

Água: Anjo e Demónio

A água é vida, não há dúvidas sobre isto. Ao longo da vida devemos manter uma hidratação adequada para manter o nosso corpo a funcionar de forma ótima. Isto torna-se ainda mais evidente durante a velhice, quando as necessidades de água devem ser mais elevadas.

Algumas pessoas, devido à capacidade reduzida da bexiga, reduzem o consumo de água para reduzir as visitas à casa de banho. Contudo, a desidratação nas pessoas mais velhas foi identificada como um dos fatores de risco que mais preocupa.

Os processos cognitivos, o funcionamento do sistema circulatório e a redução das doenças cardiovasculares estão intimamente ligados a uma hidratação adequada. Do mesmo modo, processos degenerativos e doenças como Alzheimer e Parkinson podem ser reduzidos com uma hidratação adequada.

No entanto, o consumo de água deve obedecer a uma série de parâmetros de segurança alimentar.  O consumo de água potável, fervida ou engarrafada é essencial para evitar o risco de contrair doenças parasitárias, gástricas ou intestinais.

A chegada da velhice não deve ser sinónimo de fraqueza, doença ou problemas de saúde.  Com uma correta monitorização de uma dieta equilibrada, saudável e segura, assim como rotinas de exercício constante, são cruciais para manter uma boa condição física. As visitas regulares ao médico e uma boa higiene geral fazem parte dos fatores que fazem da velhice a nossa idade de ouro.