09/07/2021

Um cérebro ativo mantém o envelhecimento adormecido

Un cerebro activo mantiene dormido al envejecimiento - Innovación, Actualidad

Um ambiente estimulante mantém o hipocampo, o centro de controlo da memória do cérebro, jovem e ativo. Esta é a conclusão de um novo estudo no Centro Alemão de Doenças Neurodegenerativas (DZNE), que também argumenta que os fatores ambientais influenciam os mecanismos moleculares que afetam a regulação genética: preservam as condições ótimas do cérebro por mais tempo e retardam as mudanças inerentes ao envelhecimento.

Em estudos com roedores, os investigadores descobriram que os genomas dos ratos que cresceram num ambiente estimulante mostraram relativamente poucas alterações com a idade, apenas em certos marcadores químicos no ADN. Em ratos num ambiente de baixo estímulo, porém, as variantes genéticas que predispõem para acelerar o envelhecimento cerebral eram muito mais pronunciadas, de acordo com um comunicado de imprensa.

Embora a forma como os humanos reagem aos estímulos externos seja muito mais complexa do que a que pode ser registada nos roedores, os cientistas ainda acreditam que os princípios epigenéticos básicos são os mesmos nos humanos e nos ratos. A epigenética relaciona-se precisamente com a influência dos fatores ambientais nos mecanismos que regulam a expressão genética.

Consequentemente, se estes princípios forem semelhantes, é provável que os efeitos observados nos roedores também possam ser observados nos seres humanos. Isto não é uma questão secundária: o ADN é o nosso "andaime" genético, o modelo básico que nos governa, mas o funcionamento celular é também fortemente influenciado pela ativação ou não ativação de certos genes. É neste ponto que o impacto dos fatores ambientais se torna ainda maior.

Ativar os genes certos

Em outras palavras, a forma como envelhecemos determinaria a ativação de certos genes. Se tivermos estímulos positivos, tais como o desenvolvimento de tarefas agradáveis, interação social ou desafios inteletuais permanentes que nos tirem da "zona de conforto", os genes relacionados com o envelhecimento cerebral permaneceriam "adormecidos" durante mais tempo.

Como parte da investigação, publicada na revista Nature Communications, os cientistas analisaram o impacto dos chamados grupos metilo, que funcionam como etiquetas químicas que se ligam ao ADN. Estas ligações químicas não alteram a informação genética por si só: influenciam se os genes individuais podem ou não ser ativados.

Nos roedores estimulados, os grupos metilo não modificaram substancialmente a sua atividade, algo que afetou uma série de genes relevantes para o crescimento de novos neurónios e ligações celulares na área hipocampal. Assim, os cérebros destes roedores permaneceram jovens e preservaram as suas funções intactas durante um período de tempo mais longo.

Pelo contrário, os ratos com um fraco estímulo mostraram alterações profundas nos grupos metilo, determinando em consequência que os genes que "renovam" a dinâmica do hipocampo não se ativam. A partir daí, o que foi ativado foi o envelhecimento do cérebro e as funções começaram a ser alteradas.

Fonte: Tendencias21