O Direito e as Pessoas Idosas
Os valores, conhecimento e experiência são a essência da vida, a bagagem que aumenta ao longo dos anos, o legado que passaremos àqueles que nos seguem; em suma, a nossa contribuição para o progresso da sociedade e, por extensão, para o avanço da humanidade.
Se chegámos ao ponto em que nos encontramos, é porque aqueles que nos precederam contribuíram com o fruto dos seus esforços com o único objetivo de garantir que hoje desfrutamos de um maior bem-estar do que no passado.
Nunca é tarde demais para aprender, ao longo dos anos, o interesse em adquirir novos conhecimentos e partilhar experiências, o que significa viver plenamente mantendo as relações sociais essenciais para evitar o isolamento e a solidão, factores que mais frequentemente causam a exclusão das pessoas idosas.
São muitas as entidades públicas e privadas ao serviço do interesse geral que dedicam os seus recursos a obras sociais e culturais destinadas à investigação e à assistência às necessidades dos indivíduos e das famílias, organizando atividades como seminários, workshops, congressos, exposições, concertos, etc. As Universidades para Idosos são essenciais na difusão de disciplinas académicas que, embora na educação não regulamentada, sem a sua presença os referidos projetos ficariam incompletos.
Neste domínio, a vitalidade das cidades e vilas com menos população é surpreendente, com o apelo a programas com um nível intelectual muito elevado que reflictam um potencial desperdiçado e necessário para a revitalização das zonas que sofrem especialmente com o envelhecimento do seu recenseamento, acentuado pela diminuição do número de habitantes em consequência da partida forçada de jovens para grandes centros urbanos em busca de oportunidades profissionais.
História, literatura, filosofia, arte, pintura e fotografia são os temas preferidos, que estão a ser gradualmente unidos pelo Direito relegado a tradicionalmente identificados com litígios onerosos e resultados incertos. Como diz o sábio provérbio castelhano "um mau acordo é melhor do que um bom processo judicial" e "pelitos tengas y los ganes".
A realidade é que, o fim da Lei é a regulamentação da sociedade sendo impossível evitar a sua aplicação. Todos os dias da nossa vida realizamos actos jurídicos com eficácia inter vivos e mortis causa.
A existência de informação confusa e mesmo enganosa que esconde os interesses espúrios de pessoas sem escrúpulos não é uma nova realidade. Neste sentido, nada mudou, excepto que, nos nossos dias, as novas tecnologias disponibilizam imediata e instantaneamente um fluxo de dados que exigem uma seleção rigorosa.
Todos os atos têm consequências que marcam a nossa vida num sentido positivo ou negativo, por isso é essencial não cometer erros, aprendendo as noções básicas para nos guiar e discernir que opção entre as que nos são oferecidas é a correta.
O erro é consubstancial à natureza humana, todos nós cometemos erros em numerosas ocasiões ao longo das nossas vidas, é inevitável, mas não é a mesma coisa tomar uma decisão inadequada porque julgamos mal as nossas circunstâncias e interesses, ou que é o resultado de manipulação resultante de ignorância ou desconhecimento.
Nesse contexto, é necessário levar o Direito a todos numa linguagem simples e compreensível que nos permita adquirir conhecimentos de direitos e deveres nas esferas pessoal, familiar e social, relacionando conceitos jurídicos às situações cotidianas e compreendendo as diretrizes para a resolução dos casos que surgem.
Conhecer e compreender o Direito, estimula a busca de informação, reflexão e posterior seleção da alternativa adequada entre as possíveis, evitando conflitos e auxiliando na resolução dos que ocorreram.
Muitos processos judiciais ocorrem devido à falta de previsão dos efeitos das decisões adotadas com base em orçamentos não ajustados à lei. Também é importante adquirir as habilidades necessárias para lidar com os procedimentos legais e administrativos, bem como conhecer e saber procurar os recursos sociais que constituem a ajuda e o apoio em situações delicadas ou de risco que possam afetar-nos a nós ou a um membro da família a nosso cargo.
As figuras de direito preventivo desconhecidas da grande maioria são de vital importância como meio de promover a autonomia pessoal em situações de vulnerabilidade, evitando a impotência e os conflitos difíceis, morosos e dispendiosos de resolver.
Por esta razão, destacamos iniciativas como a que vai ser desenvolvida na sede da Fundação Ávila, de 6 de Fevereiro a 26 de Março, em oito sessões de noventa minutos, em que os conceitos de Direito e Ordem Jurídica serão analisados como estrutura básica para compreender o sistema normativo: O Direito da Pessoa, da Família, do Idoso, da Vontade e Herança, da Cultura, das Novas Tecnologias, terminando com uma referência aos Procedimentos Jurídicos e Administrativos mais correntes.
Um encontro que permitirá que os participantes sejam apresentados ao fascinante mundo do Direito.
O direito é um assunto de interesse geral para todos: séniors e idosos com o objetivo de se educar nos seus direitos e prever o seu futuro. Famílias que, como fundamento da sociedade, têm o dever de cuidar adequadamente de todos os seus membros. Os jovens como complemento à sua formação e possível especialização profissional. E para todos como uma oportunidade de crescimento pessoal e intelectual, além da aplicação prática do conhecimento aprendido.
A natureza inclusiva da atividade de Direito Fundamental, cujo único requisito é o desejo de aprender, faz desta atividade uma oportunidade de intercâmbio e enriquecimento entre gerações.
A demanda potencial e o seu interesse são determinados pela necessidade de conhecer algumas noções básicas de Direito que ajudam a tomar decisões responsáveis evitando problemas, conflitos e litígios, o que sem dúvida terá o efeito de bem-estar pessoal, familiar e social.
Uma sociedade informada é livre, crítica, não manipulável, mas ao mesmo tempo autónoma e firme ao enfrentar novos desafios.