A importância da telemedicina nas doenças crónicas
O mundo digital é um dos pilares fundamentais da sociedade atual. A saúde está a adaptar-se à nova realidade prevalecente, empregando novas formas de cuidar da saúde: uma das mais importantes é a "telemedicina".
A telemedicina é a comunicação interactiva em tempo real entre o médico e o paciente, para a prestação de serviços de saúde. Este sistema cada vez mais difundido tem um impacto real na saúde devido aos seus benefícios significativos.
Estes incluem a eliminação de viagens desnecessárias; a redução de custos e inconvenientes decorrentes de transferências; o fluxo mais suave de informação entre pacientes e profissionais; cuidados médicos em qualquer lugar e em qualquer momento; e uma maior colaboração entre profissionais de saúde.
O uso da telemedicina altera a perspectiva de saúde anterior. Por um lado, permite que os doentes se encarreguem da sua própria saúde e, por outro, permite que os profissionais de saúde reconheçam o doente à distância, completem a sua história digital e procurem aconselhamento junto de outros especialistas. E finalmente, permite que os centros de diagnóstico controlem os dados biométricos transmitidos pelos pacientes.
As consequências são altamente positivas: inúmeros estudos mostram que essa tecnologia contribui para reduzir o uso da atenção primária, visitas de emergência, internações hospitalares ou morbidade.
Telemedicina, a chave para a vigilância das doenças crónicas
Trata-se de uma tecnologia particularmente decisiva no caso de doenças crónicas, pois permite um maior controlo e uma melhor comunicação com os doentes deste tipo, bem como a integração num sistema de backup médico, com registo de dados biométricos.
A telemedicina já demonstrou os seus efeitos na qualidade de vida dos doentes com doenças crónicas como a diabetes, a hipertensão, a obesidade ou a insuficiência cardíaca. Dá-lhes maior autonomia, promove o autocuidado e alcança um maior nível de adesão ao tratamento. Assim, consegue-se uma melhor evolução das doenças crónicas e atrasa-se a chegada das complicações associadas a essas doenças.
Uma das funcionalidades mais inovadoras e práticas da telemedicina são os sistemas de monitorização remota de doentes, utilizadas sobretudo por doentes com doenças crónicas que requerem uma monitorização contínua. Graças a uma série de dispositivos eletrónicos, é possível registrar parâmetros como peso corporal, frequência cardíaca, pressão arterial, atividade do sono, colesterol ou glicose. Isso permite a detecção de possíveis alterações e ação rápida por parte dos profissionais médicos para manter estável a saúde dos pacientes crónicos.
Doenças crónicas afetam a saúde dos espanhóis
E a cronicidade é um problema sério no nosso país. De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde do Ministério da Saúde, aproximadamente "60% dos espanhóis com mais de 15 anos apresentam alguma patologia crónica". Além disso, de acordo com os dados fornecidos pelas Sociedades espanholas de Medicina Interna (SEMI) e Medicina Familiar e Comunitária (semFYC), "as patologias crónicas estão por trás de 80% das consultas de cuidados primários, 60% das internações hospitalares e 85% dos pacientes internados em Medicina Interna".
Nesta linha, o Dr. Ricardo Gómez Huelgas, vice-presidente da Sociedade Espanhola de Medicina Externa, afirmou que "as diferentes tecnologias aplicáveis à telemedicina desempenharão um papel fundamental no reforço dos modelos de cuidados a doentes crónicos", facilitando a sua monitorização e incorporando parâmetros biológicos, fisiológicos e biométricos.
Mas o desenvolvimento da telemedicina é imparável e não será limitado apenas a pacientes com doenças crónicas. Com o cenário que enfrentamos - envelhecimento da população, aumento da mobilidade dos cidadãos, maior dispersão demográfica - a telemedicina é um canal ideal para garantir cuidados médicos de qualidade, seguros e confidenciais.
Além disso, o paciente da nova era digital exige cuidados de saúde mais personalizados, constantes e diretos e a telemedicina é uma das ferramentas que o podem proporcionar.
Assim, de acordo com o estudo "360 Wellbeing Survey 2019: Well and Beyond" - realizado pela seguradora de saúde Cigna - 77% dos espanhóis reconhecem que as novas tecnologias estão a ajudá-los a melhorar a sua saúde. Para quase metade dos inquiridos (48%), o principal incentivo na utilização de soluções de telemedicina é poder fazer consultas médicas ou ser diagnosticado por um profissional de saúde através do telemóvel ou do computador.
É cada vez mais evidente que o futuro da saúde depende da telemedicina. Num futuro próximo, esta tecnologia fará parte da vida das pessoas e desempenhará um papel fundamental na redução das hospitalizações e dos custos dos cuidados de saúde, bem como na promoção de um estilo de vida mais saudável na sociedade.