Reflexo do tempo

Reflexo do Tempo
No vidro envelhecido de uma janela esquecida, surge o reflexo de uma figura que carrega décadas no olhar. Uma pessoa idosa, com o rosto marcado pelas linhas do tempo, segura um cigarro entre os dedos, como se segurasse um pensamento antigo, uma recordação distante.
O fumo ergue-se lentamente, dissipando-se no ar como se fosse uma extensão da própria memória. O olhar está fixo no horizonte, mas não procura o futuro — contempla o que ficou para trás. Há uma calma quase poética na forma como os olhos se perdem na paisagem, como se cada centímetro daquela vista despertasse um pedaço de vida.
A fotografia capta o reflexo, mas diz mais do que o espelho da imagem. Diz-nos do peso dos anos, da solidão que não é tristeza, mas presença. O vidro, ligeiramente embaciado, torna a cena ainda mais íntima, como se estivéssemos a espreitar um momento roubado ao tempo.
O brilho do cigarro é discreto, mas firme — um pequeno sinal de que, mesmo depois de tanto, ainda há lume, ainda há história por contar.