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24/10/2025
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Sandra Balsells: a memória como olhar

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Júri da VI edição do Concurso de Fotografia do CENIE

 

Hay fotógrafas que no solo capturan imágenes: custodian la memoria.

 

Há fotógrafas que não apenas captam imagens: guardam a memória.

 

Sandra Balsells pertence a essa tradição do fotojornalismo que entende a câmara como um acto de responsabilidade. Desde os anos noventa, o seu olhar tem sido testemunha de alguns dos episódios mais intensos e dolorosos da nossa história recente. E, no entanto, a sua obra não fala apenas de guerra ou destruição: fala, acima de tudo, de humanidade.

 

Licenciada em Jornalismo pela Universidade Autónoma de Barcelona, Balsells deu os seus primeiros passos profissionais em Londres, onde frequentou uma pós-graduação em Fotojornalismo no London College of Printing. Aí começou a sua trajectória como fotógrafa freelance, que rapidamente a levaria aos Balcãs, epicentro da desintegração da antiga Jugoslávia. De 1991 até ao final do ano 2000, cobriu os principais conflitos na Croácia, Bósnia-Herzegovina, Sérvia e Kosovo para meios internacionais como The Times e publicações espanholas de referência.

 

O seu trabalho durante essa década colocou-a entre as grandes narradoras visuais do final do século XX. Com sensibilidade, rigor e uma extraordinária capacidade para estar no lugar onde a história se parte — e recomeça —, as suas fotografias compõem um testemunho insubstituível sobre a guerra e o pós-guerra balcânico. Em 2006, a sua cobertura foi reconhecida com o Prémio Ortega y Gasset para a Melhor Cobertura Informativa, um dos galardões mais prestigiados do jornalismo em língua espanhola.
 

 

 

 

Contar a dor, sustentar a dignidade

 

O compromisso de Sandra Balsells não se limita à guerra: também documentou a vida em territórios como a Palestina, Israel, México, Cuba, Haiti, Moçambique ou Roménia. Onde a violência ou a desigualdade quiseram apagar rostos, ela encontrou pessoas; onde outros vêem tragédia, ela encontra narrativa.

 

Autora do livro Balkan in memoriam (Blume, 2002), uma viagem visual pela década mais conturbada da antiga Jugoslávia, e co-autora de obras colectivas como Montreal Métropole vue par 30 grands reporters (Aux Yeux du Monde, 2000), Balsells transformou a fotografia numa ferramenta de reflexão social. Na televisão, foi co-autora dos documentários Dying for the Truth (Channel 4, 1994) e Retratos da alma (TVC, 2004), que transportam o seu olhar comprometido para a linguagem audiovisual.
 

 

 

A sua obra foi exibida em mais de cinquenta mostras individuais e colectivas, e faz parte de importantes colecções públicas e privadas. Em 2007, participou na exposição colectiva O arquivo universal, organizada pelo MACBA, e comissariou projectos como Batimentos de um mundo convulso (Lunwerg–Caja Madrid, 2007) ou Desaparecidos (2011), de Gervasio Sánchez, sobre o desaparecimento forçado, apresentado simultaneamente no MUSAC, no CCCB e em La Casa Encendida.

 

Uma fotógrafa que ensina a olhar

 

Desde 1995, Sandra Balsells combina o seu trabalho como fotojornalista com o ensino na Universidade Ramon Llull, onde lecciona fotografia e ética visual. Essa dupla vocação — a de narrar e a de ensinar a narrar — define a sua trajectória. Para ela, olhar é também um acto de aprendizagem: implica respeito, empatia e consciência.

 

A sua integração no júri da VI edição do Concurso de Fotografia do CENIE reforça precisamente essa ideia. Porque, se este certame convida a reflectir sobre a longevidade através do olhar, Balsells traz algo essencial: a convicção de que toda a imagem é uma forma de memória, e toda a memória, uma forma de futuro.
 

 

 

Nos seus retratos, os corpos e os gestos não são apenas testemunhos do tempo vivido: são afirmações de vida. Daí a sua sintonia com o lema desta edição — A idade não nos define. O olhar sim. —, que encontra na sua obra uma ressonância profunda.

 

Um convite à participação

 

O prazo para apresentar fotografias termina a 30 de novembro. Participar é juntar-se a uma conversa que une gerações, experiências e visões do mundo. A presença de Sandra Balsells no júri garante uma leitura atenta, sensível e rigorosa das obras, com a autenticidade que caracteriza a sua trajectória.

 

Porque, como demonstra o seu trabalho, fotografar não é apenas captar o que acontece, mas acompanhar o que permanece.

 

O júri do CENIE, formado por grandes referências internacionais da fotografia, convida todas as pessoas criadoras — amadoras ou profissionais — a partilhar o seu olhar. Em cada fotografia apresentada pode existir uma história que nos ajude a compreender-nos melhor como sociedade longeva e diversa.

 

Descubra o trabalho de Sandra Balsells aqui.

 

Para participar no concurso de fotografia clique no link