29/03/2018

Os viejenials já são o futuro

Los viejenials ya son el futuro - Sociedad, Economía

A última geração de adultos mais velhos está a provar ser mais saudável e rica do que os seus antecessores, gastando cada vez mais em tecnologia, comida e experiências em vez de bens materiais. Isto tem um impacto muito positivo no mercado de consumo, tanto que as marcas já chamam a este segmento da população de “viejenials” ou a “quarta idade”, pessoas mais velhas que ditam as tendências futuras.

Se ainda não ouviste este nome, não te preocupes, é questão de tempo, segundo um relatório publicado pela Nielsen 360 no passado mês de fevereiro, esta é a geração que liderou o consumo em 2017 e continuará a fazê-lo nos próximos anos.

Mais especificamente, o conceito de "viejenials" engloba todos aqueles com mais de 50 anos que têm um poder de compra maior, têm mais tempo livre e, pouco a pouco, entram no mundo digital em busca de ofertas interessantes, fazem compras online e descobrem as redes sociais.

Esse conjunto de circunstâncias fez desta geração o objeto de desejo de todas as marcas. Estranho?

O aumento dos gastos dos idosos nos diferentes setores, incluindo gastos com eventos, jantares e viagens, é impulsionado por dois fatores principais: maior mobilidade e dinheiro. Entre 2000 e 2015, quase todas as regiões do mundo tiveram um aumento na esperança de vida, segundo a Organização Mundial da Saúde, o que provavelmente leva a uma proporção crescente de adultos mais velhos capazes de levar uma vida social mais ativa.

Na União Europeia, por exemplo, as viagens de pessoas idosas aumentaram. A frequência das viagens entre os maiores de 65 anos aumentou a um ritmo mais rápido do que em qualquer outra faixa etária. Surgiram agências de viagens que atendem especificamente as necessidades destas pessoas, enquanto outras empresas deveriam atender as necessidades e preferências deste grupo, incluindo as suas demandas por acessibilidade, grupos de turistas que pensam da mesma forma, acesso a instalações médicas, acomodação, restrições alimentares e opções quanto à intensidade e escolha das atividades oferecidas.

"À medida que a contribuição aumenta, as empresas e as marcas devem reconsiderar as maneiras como promovem as suas ofertas, e talvez até redigirem o seu público-alvo", dizem desde Nielsen. "Os reformados estão dispostos e aptos a gastar, e se os prestadores de serviços adaptarem as suas ofertas para atender as necessidades dos idosos, beneficiar-se-ão deste crescente segmento de consumidores".

Espanha e Portugal

De acordo com o Instituto Nacional de Estatística, as despesas nos lares de idosos espanhóis cresceu um 30% entre 2008 e 2016. As lojas de proximidade, as lojas de bairro, renasceram graças à atenção personalizada e a proximidade no negócio.

Alfonso Delgado, da Nielsen, fala sobre a importância de adaptar-se a estes consumidores, apontando a existência crescente de empresas que possuem serviços que facilitam a vida dos seus clientes: "Levam à casa daquela senhora ou senhor que não pode levar tanto peso, e isso faz a diferença entre comprar num lugar ou outro", acrescentando que esses formatos precisam ser reajustados" Talvez não precisem comprar um quilo de maçãs, mas uma maçã, uma pêra e uma banana pelos próximos dois dias " .

Em Portugal o cenário não é muito diferente. "No mercado português, os benefícios de um alto nível de consumo imediato devido à progressiva mudança da pirâmide demográfica, bem como o crescente poder de compra dos grupos etários mais velhos, é uma injeção para a economia", explica Pedro Pimentel, CEO da Centromarca - Associação Portuguesa de Produtos de Marca, que representa mais de 800 marcas, referindo-se a uma das conclusões do estudo encomendado à Kantar Worldpanel pela associação que dirige.

Personalização e compras em estabelecimentos locais são outras tendências identificadas no estudo. "A personalização está a criar, por exemplo, espaços específicos para a compra de produtos destinados ao consumo imediato e fora de casa, adaptando o lay-out da loja e a atenção aos clientes de maior idade, para quem é possível também criar programas específicos de fidelidade ou incentivos para que as suas visitas ocorram em períodos de menor saturação ", exemplifica.