11/07/2019

O envelhecimento na agenda do G20

El envejecimiento en la agenda del G20 - envejecimiento, Actualidad

Os desafios do processo de envelhecimento da população começam a ser motivo de preocupação para os principais decisores económicos do mundo. Os Ministros da Economia e Finanças e os Governadores dos Bancos Centrais dos países do G20 e do Fundo Monetário Internacional reuniram-se em Fukuoka (Japão) nos dias 8-9 de Junho de 2019, como parte dos eventos paralelos da Cimeira do G20 em Osaka (Japão) a 28-29 de Junho de 2019. Eles emitiram um comunicado com uma série de declarações entre as quais se destaca a dedicada ao problema do envelhecimento, bem como as tradicionais sobre o crescimento económico global. A discussão sobre o envelhecimento e as suas implicações políticas passou um pouco despercebida pelo tratamento de outros temas da Cimeira.

As mudanças demográficas representam desafios e oportunidades para os membros do G20 e para o resto do mundo. Dada a natureza complexa desta agenda, foi também realizado um debate aprofundado sobre questões relacionadas com o envelhecimento nas sessões anteriores. Foram discutidas medidas gerais sobre as alterações demográficas e os desafios específicos do envelhecimento.

Medidas gerais face à evolução demográfica

As alterações demográficas exigirão medidas políticas que englobem políticas orçamentais, monetárias, financeiras e estruturais. A este respeito, os participantes na reunião de Fukuoka sugerem uma série de medidas gerais a todos os países, conforme adequado:

- Continuar a melhorar a produtividade e o crescimento, nomeadamente através do investimento em competências e do incentivo à participação no mercado de trabalho, em especial das mulheres e dos idosos, e da promoção de indústrias favoráveis aos idosos.

- Melhorar a eficiência e a eficácia das despesas públicas, bem como uma rede de segurança social funcional e sustentável do ponto de vista orçamental, tendo devidamente em conta a equidade intra e intergeracional.

- Conceber o sistema fiscal de uma forma equitativa e favorável ao crescimento, a fim de responder melhor aos desafios colocados pelo envelhecimento da população.

- Compreender melhor as implicações do envelhecimento da população para a política monetária.

- Ajudar as instituições financeiras a fazer os ajustes necessários nos seus modelos de negócios e serviços;

- Gerir as implicações transfronteiriças das alterações demográficas, tais como os fluxos de capitais e a migração.

Oportunidades e desafios do envelhecimento demográfico para os indivíduos, a sociedade e a economia.

O envelhecimento demográfico afecta tanto os países desenvolvidos como os países em desenvolvimento, embora com uma grande variação das situações.

Em primeiro lugar, o envelhecimento cria uma série de oportunidades. Em todas as economias, os trabalhadores mais velhos geram procura de produtos e serviços financeiros novos ou adicionais à medida que as suas vidas profissionais se prolongam. Esta demanda cai dentro do que pode ser chamado de "economia da longevidade". E o efeito não será limitado apenas aos países de rendimento elevado. Com uma nova configuração de políticas, os jovens adultos serão capazes de se preparar antecipadamente para uma maior longevidade. Os activos financeiros detidos por pessoas idosas representarão cada vez mais uma proporção significativa dos activos totais. Podem também aproveitar o potencial das pessoas idosas para outras actividades produtivas. Vidas mais longas permitem-nos considerar novos tipos de trajetórias de vida: períodos de aprendizagem, atualização de conhecimentos, emprego, mais tempo com a família quando ela começa a crescer, atividades de lazer e filantropia numa sociedade com maior longevidade.

Por outro lado, o envelhecimento coloca desafios e, em especial, a inclusão financeira. Quanto maior for a longevidade das pessoas, maiores serão as suas necessidades financeiras, que terão de ser planeadas e geridas na idade adulta e também na velhice. O desafio pode ser maior para as mulheres que vivem mais tempo. O declínio físico e cognitivo pode surgir no final da vida e dificultar a gestão das próprias finanças. Isolamento e solidão forçam a dependência de outros membros da família ou amigos. Por vezes, os pequenos empresários têm dificuldade em manter ou transferir as suas empresas quando atingem a velhice, etc.

Os dez factores que contribuem para a exclusão financeira das pessoas idosas são:

Baixa capacidade digital

Baixa literacia financeira (analfabetismo financeiro)

Declínio cognitivo

Declínio físico

Isolamento social

Viver com um rendimento fixo ou pensão

Confiança/dependência nos membros da família

Dificuldade de acesso a aconselhamento financeiro

Falta de produtos financeiros para os idosos

Confiança/dependência de profissionais financeiros.

Prioridades para a inclusão financeira dos idosos

Em resposta a estes desafios, são identificadas várias prioridades específicas para a inclusão financeira dos idosos. O apoio ao envelhecimento das populações através de políticas coerentes de inclusão financeira é considerado uma componente importante do desenvolvimento inclusivo e sustentável. Os peritos identificaram oito prioridades com o objetivo de ajudar os decisores políticos, os prestadores de serviços financeiros, os consumidores e outros intervenientes na economia real a reconhecer e a enfrentar os desafios associados ao envelhecimento demográfico e ao aumento global da longevidade. Estas prioridades, práticas e políticas para melhorar a vida das actuais e futuras gerações de idosos são:

- Usar dados e evidências para saber quais políticas funcionam e o que precisa mudar.

- Reforçar a literacia financeira e digital.

- Apoiar o planeamento financeiro ao longo da vida, incentivar planos a longo prazo.

- Dar resposta às necessidades das pessoas idosas através da criação de produtos personalizados.

- Tirar partido das tecnologias para desenvolver produtos financeiros, proteger os consumidores e aproximá-los da educação financeira.

- Proteger os idosos contra abusos e fraudes financeiras.

- Incentivar o envolvimento das partes interessadas na inclusão financeira dos idosos.

- Abordar as necessidades dos grupos vulneráveis ou mal servidos.

Conclusão: a estratégia de inclusão financeira dos idosos, apoiada pela sua protecção e educação financeira, pode ajudar a estabilizar o sistema financeiro e reduzir a pressão sobre os sistemas públicos de pensões.