Uma plataforma de crowdfunding quer resolver o puzzle do envelhecimento

O envelhecimento é inevitável para todos nós, mas os cientistas ainda não conhecem o mecanismo responsável pelo mesmo. Precisamos concentrar-nos em encontrar uma resposta, diz o biólogo molecular Oliver Medvedik.

Se tivesses a opção, escolherias viver para sempre? Muitos de nós diríamos que "sim", mas com um aviso importante: desde que não envelheçamos. Em termos científicos, o envelhecimento significa "uma perda progressiva da forma física num organismo ao longo do tempo", diz Oliver Medvedik, um biólogo molecular. O que causa essa perda de aptidão nos seres humanos é multifacetado, embora os cientistas estejam a explorar diferentes teorias que incluem, e estas são apenas algumas das muitas rotas de investigação, a deterioração da saúde dos nossos telómeros (as extremidades dos nossos cromossomas), mudanças nas mitocôndrias celulares, eliminação ineficiente de proteínas celulares danificadas e senescência de células estaminais, levando a inflamação crónica e depleção das mesmas.

Embora cause uma perda de aptidão e saúde, o envelhecimento não se considera uma doença. "A FDA define uma doença como algo que aflige apenas um segmento da população, mas o envelhecimento afeta a todos", diz Medvedik, co-fundador do Genspace, um laboratório científico de biotecnologia para cidadãos e professor de bioengenharia da Cooper Union na cidade de Nova Iorque. E porque o envelhecimento não é considerado uma doença pelo governo, limita-se a quantidade de fundos federais disponíveis para estudá-lo.

É por isso que a Medvedik co-fundou uma plataforma de crowdfunding para angariar fundos para a investigação do envelhecimento. "Se pudermos encontrar o mecanismo geral para o envelhecimento, podemos abordar muitas outras coisas", diz. "Em outras palavras, ao investir os nossos fundos biomédicos em investigações sobre o envelhecimento, podemos dar-lhe um maior impacto ao nosso investimento, ago que poderia ajudar-nos a entender como reduzir a velocidade do relógio em tudo, desde Alzheimer até cancro, doenças cardíacas e diabetes ".

A organização sem fins lucrativos criada por Medvedik e os seus colegas é chamada Life Extension Advocacy Foundation ou LEAF. Os cientistas da LEAF inicialmente uniram-se para defender o financiamento da investigação governamental e criar uma comunidade forte para a investigação do envelhecimento.

"Naturalmente, evoluiu de" Como vamos entusiasmar o público com isto? ", refere," e nasceu a ideia do crowdfunding". LEAF parece-se a outras plataformas de crowdfunding como Kickstarter ou GoFundMe, com um toque diferente: é sem fins lucrativos.

A primeira experiência financiada pela LEAF focou-se nas mitocôndrias. "Começamos com um projeto da SENS Foundation, uma organização fundada por Aubrey de Grey", diz Medvedik. "Implicou pegar em genes das mitocôndrias e devolver os genes ao núcleo, porque o núcleo é um ambiente muito mais protegido para informações genéticas do que as mitocôndrias". Os resultados iniciais deste projeto foram publicados na revista científica Nucleic Acids Research em novembro de 2016.

Para os co-fundadores da LEAF, o seu sonho não é simplesmente permitir aos humanos viverem 200 anos. Afinal, do que nos serve alcançar a marca dos dois séculos se tivermos que suportar décadas cheias de doenças e deficiências no seu caminho? Em vez disso, Medvedik e os seus colegas querem ajudar as pessoas a terem boa saúde pelo maior tempo possível. "Pensar em ampliar a capacidade da saúde em vez da duração da vida", diz o biólogo.

Com a investigação do envelhecimento, Medvedik pensa a longo prazo. Os cientistas devem primeiro chegar a um consenso sobre o mecanismo ou mecanismos que causam a perda progressiva da capacidade física. "Tem que ser uma hipótese universal que se qualificaria como um mecanismo central para o envelhecimento", comenta. "Ainda não o temos, mas tenho a certeza de que vamos tê-lo em breve".

No entanto, identificar os mecanismos precisos do envelhecimento humano levará a mais perguntas antes de que sejam encontradas soluções: "Nada vai acontecer de repente", acrescenta. "Uma vez que tenhamos uma boa compreensão teórica sobre o que causa a idade dos organismos, não veremos as ramificações na medicina tão cedo". Embora a estrutura molecular do ADN tenha sido descoberta em 1953, "levou muito tempo até a terapia genética ser aplicada", diz . "Os aspectos teóricos devem vir primeiro, de modo que as biotecnologias avançadas possam basear-se nisso".

Fonte: TED.com